O que é o PCC: Organização criminosa responsável pelo atentado ao Sergio Moro

O que é o PCC: Organização criminosa responsável pelo atentado ao Sergio Moro

A Polícia Federal executou diversas prisões e mandados de busca e apreensão contra integrantes do PCC. Segundo investigações, a Organização planejava homicídios e sequestros de diversas figuras importantes no combate à corrupção e ao crime organizado – como Sergio Moro.

Mas você conhece exatamente o que é essa Organização criminosa que opera há mais de 2 décadas em praticamente todo o Brasil?

O PCC (Primeiro Comando da Capital) é uma das maiores facções criminosas do Brasil, com forte presença em diversos estados e até mesmo em países vizinhos. Segundo o livro “A Guerra: A Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil”, de Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias, o surgimento do PCC não foi um acaso, mas sim resultado de décadas de políticas truculentas e equivocadas de guerra ao crime.

A facção tem sua origem nos presídios de São Paulo, onde surgiu como uma resposta à violência e à opressão do sistema carcerário. Hoje, o PCC domina grande parte dos presídios paulistas e controla muitas ações criminosas do lado de fora das cadeias, faturando cerca de 120 milhões de reais por ano.

O livro de Manso e Dias oferece uma análise profunda do funcionamento e da influência do PCC no mundo do crime brasileiro, destacando a figura dos “homens-bombas”, jovens que preferem morrer antes dos 25 anos a serem presos e enfrentar o destino humilhante reservado a eles pelo sistema prisional e pela sociedade.

O PCC (Primeiro Comando da Capital) foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários na Casa de Custódia de Taubaté, também conhecida como “Piranhão”, que era considerada a prisão mais segura do estado de São Paulo. Inicialmente, a facção era conhecida como “Partido do Crime” e afirmava lutar contra a opressão dentro do sistema prisional paulista.

Os documentos escritos pelo PCC trazem normas disciplinares que regulam o comportamento dos membros e de quem circula nos espaços controlados pela facção, dando ao grupo uma imagem de “igreja do crime”. A facção atua como uma ampla rede de criminosos, com um braço político e outro econômico.

No aspecto político, o PCC se apresenta como um grupo unido e em enfrentamento contra o “estado opressor”. Seus estatutos e salves definem a ética e a forma de relacionamento entre aqueles que atuam no mundo do crime. A facção funciona como uma agência reguladora do mercado criminal paulista e oferece auxílio aos seus filiados e familiares.

A liderança do PCC domina a maioria absoluta dos presídios paulistas, o que lhes confere controle e autoridade. Aqueles que desobedecem às normas do grupo acabam por prestar contas às lideranças quando cumprem penas, o que leva muitos a preferir obedecer para evitar serem mandados para o “seguro”, as unidades neutras ou celas isoladas. Entretanto, não se trata apenas de uma imposição de cima para baixo, uma vez que a previsibilidade e a ordem interessam a todos na cadeia, permitindo uma rotina menos perversa nas prisões e aumentando os lucros e previsibilidade das atividades criminais. A facção prega que a violência é igual a prejuízo.

Para os filiados, o PCC oferece uma série de vantagens, como advogados, transporte, cesta básica e ajuda aos familiares.

Aqueles que se filiam ao PCC perdem sua autonomia e precisam obedecer a um comando. O grupo estabeleceu uma ética do crime que define o certo e o errado e cobra a conformidade com esses códigos de comportamento, punindo os infratores de acordo com a gravidade do erro. Embora essa ética, chamada de “proceder”, já existisse antes, o PCC a tornou homogênea e a sistematizou em códigos escritos. É importante destacar que essa ética é baseada em uma moralidade tradicional, machista, misógina e conservadora.

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