A Câmara de Deputados dos Estados Unidos decidiu, com votos unânimes, retirar a China do estatuto de país em desenvolvimento. A decisão, que ainda precisa passar pelo crivo do Senado americano, gerou uma série de reações do governo chinês. O gigante asiático está resistindo à mudança por motivos econômicos e comerciais.
Se o projeto de lei for aprovado, o Secretário de Estado Anthony Blinken terá a tarefa de persuadir as grandes organizações internacionais, como o Banco Mundial, a ONU e o FMI, de que a China não é mais um país em desenvolvimento.
“A República Popular da China é a segunda maior economia do mundo, respondendo por 18,6% da economia global. Os Estados Unidos são considerados um país desenvolvido, portanto a República Popular da China também deveria ser”, explicou o republicano Young Kim, deputado pela Califórnia.
A tentativa dos parlamentares americanos não é novidade.
Donald Trump trouxe à luz a luta para trazer a China para o grupo de países desenvolvidos durante seu mandato. Em 2019, ele acusou Pequim de “trapacear” com as regras do comércio internacional, e durante a campanha de 2020, ele expressou firme determinação em classificar o país como desenvolvido.
Agora, o que era uma obsessão para Trump é um consenso entre democratas e republicanos, demonstrado no voto unânime dos deputados. Isso mostra que não faltam razões para classificar a China como um país desenvolvido, com base em seu PIB e outros fatores.
Podemos considerar que um país em desenvolvimento possa ser também a principal potência industrial mundial e o segundo maior exportador de automóveis?”, é a pergunta do especialista em economia chinesa Jean-François Dufour.
Resposta e considerações
A China afirmou que não precisa do dinheiro de instituições internacionais para investir em países estrangeiros. Eles acreditam que a campanha americana tem como único objetivo desacelerar seu crescimento e destruir empregos na China.
“As consequências econômicas podem ser reais. De fato, sem este status, Pequim não seria mais capaz de impor tarifas às importações [que elevam o preço dos bens produzidos no exterior] e estas empresas se tornariam menos competitivas, o que poderia forçar alguns a demitir trabalhadores”, avalia Xin Sun.
Se Washington conseguir incluir a China no clube dos países desenvolvidos, “será mais difícil para Pequim se apresentar como uma alternativa aos países ricos ‘maus'”. A China atravessará o espelho e se tornará oficialmente uma potência que pode dominar outros e que não poderá mais se passar por um ‘país irmão’ compartilhando os mesmos problemas”, diz Jean-François Dufour
Economia chinesa
A China é hoje uma das maiores economias do mundo. Nos últimos anos, o país tem experimentado um crescimento econômico notável, que tem se traduzido em um aumento da riqueza. O crescimento da economia da China tem sido impulsionado por uma série de fatores. Por um lado, o governo chinês tem adotado uma política econômica liberal, que tem incentivado o investimento estrangeiro e permitido a entrada de novas empresas no país.
Além disso, o país tem investido fortemente em infraestrutura, o que tem permitido aos chineses acesso a produtos e serviços de qualidade, além de aumentar o nível de emprego e o nível de renda. A riqueza da China também tem sido impulsionada por uma sólida base de exportações.
Os produtos chineses são cada vez mais procurados no mercado internacional, o que tem contribuído para aumentar a riqueza do país. Além disso, a China tem investido fortemente em inovação e tecnologia, o que tem permitido ao país desenvolver produtos inovadores e de alta qualidade. Finalmente, a China tem se beneficiado de sua posição geográfica privilegiada.
O país tem acesso a uma ampla variedade de mercados, o que tem permitido aos chineses expandir sua participação no comércio internacional. Além disso, a proximidade da China com grandes mercados de consumo, como o Japão e a Coreia do Sul, também tem impulsionado o crescimento econômico do país.