Para a grande maioria desses profissionais, a CLT representa um risco para a sua independência e flexibilidade.
Esses profissionais desfrutam atualmente desse liberdade ao poderem selecionar seus próprios horários e rejeitar deslocamentos a qualquer momento.
Conforme revelado no estudo “O Futuro do Trabalho por meio de Aplicativos”, publicado nesta segunda-feira (22/5), 75% dos condutores e entregadores de aplicativos preferem o atual sistema em vez do regime CLT.
A pesquisa também indagou aos entrevistados sobre a adequação do modelo denominado “CLT intermitente” às suas necessidades. Esse é um tipo de contrato de trabalho com registro em carteira no qual o trabalhador e a empresa estabelecem um vínculo de emprego, independentemente de o funcionário ser convocado ou não para trabalhar.
Sete em cada dez motoristas e entregadores responderam que esse modelo não desperta o seu interesse. Apenas 14% afirmaram aprovar o sistema.
De acordo com a pesquisa do Datafolha, 76% dos motoristas e entregadores têm o desejo de continuar trabalhando por meio de aplicativos.
Quando questionados sobre direitos e benefícios, sete em cada dez motoristas e entregadores (68%) afirmaram que estariam dispostos a contribuir para a Previdência Social caso as plataformas automatizassem o processo por meio da tecnologia.
Para 89% dos entrevistados, é importante garantir certos direitos e benefícios, desde que não comprometam a flexibilidade do trabalho. Apenas 11% manifestaram estar a favor da garantia de todos os direitos trabalhistas, mesmo que isso resulte em menor flexibilidade.
Seis em cada 10 entrevistados contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou possuem planos de previdência privada.
No total, 30% realizam contribuições para a Previdência Social por meio de outras ocupações de trabalho, enquanto 25% afirmam contribuir como profissionais autônomos, em modelos como o Microempreendedor Individual (MEI).
Um em cada três motoristas e entregadores (36%) afirmam não contribuir para a Previdência Social, seja ela pública ou privada. Os principais motivos relatados são o valor da mensalidade (34%) e a burocracia (21%).
O trabalho intermediado por aplicativos é uma realidade para 1,7 milhão de motoristas e entregadores no Brasil, que encontraram uma alternativa para gerar renda, de maneira até concomitante, com flexibilidade para transitar entre ofícios”, afirma Debora Gershon, responsável pela área de Políticas de Dados e Relações Acadêmicas do iFood.
Segundo Rafael Alloni, gerente de Relações Governamentais da Uber, a pesquisa do Datafolha “fornece dados que nos ajudam a ampliar a compreensão dos desafios e oportunidades relacionados ao trabalho em plataformas digitais no Brasil”.
Ele avalia que as preferências desses trabalhadores, indicadas no estudo, destacam a importância da construção de políticas públicas que garantam maior proteção sem prejudicar a liberdade e a geração de renda de milhões de pessoas.