Nos bastidores do mundo político de Brasília, excetuando-se os mais fiéis aliados de Michel Temer, a avaliação majoritária é de que o governo Temer acabou. Brasília só especula em torno de uma enorme bolsa de possíveis nomes para suceder Michel Temer. A grande incógnita segue sendo o calendário que, em boa parte, depende do próprio Michel Temer.
Se Michel Temer concordar em renunciar, com pedem aliados e oposição, pode ter uma ascendência lateral na discussão do sucessor. Temer, por ora, resiste em renunciar, mas a gravações podem forçá-lo. Se resolver enfrentar o processo a solução será mais lenta e pode consumir ainda uns 3 meses, só de prazos legais e regimentais. Politicamente ninguém acredita na sobrevivência de Temer em uma eventual votação do impeachment.
A via mais ágil, menos traumática e assimilada por uma parte significativa do mundo político é através do TSE. O Tribunal será impactado pelas denúncias e daqui a duas semanas retoma o julgamento da chapa. Deve-se manter uma atenção especial ao procurador preso que atuava no TSE, onde Michel Temer será julgado. Se a prisão dele tiver qualquer conexão com o caso em julgamento, a via da cassação da chapa, via TSE, está clara.
O governo não tem nenhuma estratégia (dificilmente terá) para reagir, evitar ou mesmo amenizar o tsunami que já engolfou toda a volátil base no Congresso, único pilar de sustentação do governo. As teses legalistas (validade jurídica dos áudios), não terá peso na discussão que, hoje, é exclusivamente política. Na prisão de Delcídio e nas gravações anuladas entre Dilma e Lula a discussão jurídica foi lateral. E agora será assim novamente.
Há, no pregão de especulações políticas, vários nomes lembrados
Carmen Lúcia, Gilmar Mendes, Nelson Jobim, Rodrigo Maia e outros com uma frequência menor. Todos, até agora, enfrentam senões. Carmen Lúcia tem um confronto com o Legislativo e um apadrinhamento conhecido, o que enfraquece sua viabilidade no Congresso.
Gilmar Mendes, que tem bom trânsito entre PMDB e PSDB (legendas decisivas na votação) e bate de frente com a Lava Jato, pode enfrentar resistências neste segmento, em parte do próprio STF e, consequentemente, na mídia, hoje aliada do Ministério Público.
Nelson Jobim é um nome respeitado e, como Gilmar Mendes, tem um excelente trânsito entre os partidos que decidem a votação, mas tem sociedade com grupos investigados pela operação Lava Jato. Rodrigo Maia, aventado por um grupo de aliados do governo, é considerado fraco e sem condições de conduzir o Brasil em momento tão grave. Maia também teria a resistência dos senadores.
Estes movimentos, até aqui, estão restritos às cúpulas de poder
Estão convocadas manifestações para o próximo dia 24. A pauta inicial seria reação às reformas. Mas, incensado pelo PT, estes movimentos de rua podem incensar fortemente a tese das eleições gerais que favorecem o ex-presidente Lula, beneficiado em uma eventual campanha instantânea.
A depender da magnitude dos futuros protestos de rua, essa tese tende a crescer, já que o Congresso (eleição indireta) tem uma superlativo índice de rejeição nacional. A falta de um nome de consenso das cúpulas do poder também reforçam a tese das eleições. É improvável que se peneire esse nome em prazo tão curto.
As operações policias matutinas sepultam a carreira política de Aécio Neves. O STF já decidiu pelo afastamento do Senado e, agora à tarde, o pleno do STF julga o pedido de prisão do Senador e do deputado Rocha Loures, em situação idêntica ao do senador mineiro. Se o STF concordar com a prisão de Aécio, o plenário do Senado Federal deve referendar ou não a decisão. Aécio também será ejetado da presidência dos tucanos.